Dias 1 e 2 Outubro de 2011 - Vivência Xamanica

Um resgate da nossa essência energetica, mande um e-mail para jornadaxamanica@gmail.com solicitando mais informações e venha conhecer mais um pedacinho do céu..........................................................................................................................................................................................

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sábado, 18 de fevereiro de 2012

Cachimbo Sagrado

 O cachimbo é usado  entre os xamãs do mundo inteiro. Um instrumento para prece, bênçãos, passes, exorcismos, cerimônias em geral.

Para os nativos norte-americanos, ele surgiu com a aparição da Mulher Novilho Búfalo Branco, na tribo Lakota.

Ela explicou que o fornilho representava a Terra , e o cano tudo o que nasce sobre a Terra.

O fornilho representa o aspecto feminino e o cano o masculino. A união dos dois simboliza o princípio da criação, da fertilidade. O Cachimbo Sagrado é uma forma de oração, as preces são enviadas através do cachimbo. A cada pitada de tabaco se está honrando o que os nativos chamam de Todas As Nossas Relações ( Mitakuye Oyassim ) , que são todas as manifestações da vida da Criação, seres elementais, animais, insetos, peixes, pedras plantas, ancestrais, e etc.

O cachimbo também é utilizado por xamãs peruanos em rituais com plantas de poder, na magia dos pretos velhos, por índios brasileiros em rituais de cura e exorcismos. O fato de alguns cachimbos serem de uma peça só não tira o valor ritual.

Uma forte simbologia para os participantes da cerimônia do cachimbo sagrado, é que quem o leva a boca, deve manter os seus pensamentos puros, limpos, boas intenções

Mitakuye Oyasin

Paz e Luz

Lenda: A Mulher Novilho Búfalo Branco




Contam os anciões que em um verão a muito tempo atrás, sete fogos de conselho sagrado da Nação Lakota Oyate, se reuniram e acamparam. Todos os dias eles enviavam batedores para procurar alguma caça mas eles não encontravam nada. O povo estava faminto. Entre os bandos reunidos estavam os Itazipcho, os 'Sem-arcos' que eram liderados pelo Chefe Chifre Ôco de Pé. Numa manhã bem cedo o Chefe enviou dois de seus guerreiros para caçar nas Montanhas Negras da Dakota do Sul. 

Eles procuraram por todos os lugares mas não encontraram nada. Então eles resolvem escalar uma colina bastante alta para poderem avistar toda a terra. 

No meio do caminho, eles avistam algo vindo, bem de longe, em sua direção, mais se parecendo com um novilho de búfalo branco; mas a figura estava flutuando em vez de andar. Dalí, eles souberam que era uma pessoa "wakan", santa. No início eles podiam ver somente uma pequena mancha se movendo mas eles sabiam que ela tinha a forma humana. E assim que ela se aproximou mais eles viram que era uma linda jovem índia, mais linda do que todas que eles conheciam. 

Ela usava um traje de couro branco que brilhava ao sol. Ele estava bordado com lindos desenhos sagrados de espinhos do porco-espinho, em cores tão radiantes que nenhuma mulher seria capaz de fazer. Esta estranha santa era "Ptesan-Wi", a Mulher Novilho Búfalo Branco.
Em suas mãos ela levava um fardo grande e um leque de folhas de sálvia. Tinha seus cabelos soltos exceto por uma trança no lado esquerdo que era amarrada com pele de búfalo. Seus olhos eram negros e brilhantes, com grande poder neles. Os dois jovens olhavam para ela boquiabertos, mas um deles a desejou esticando seus braços para tocá-la. Esta mulher era lila wakan, muito sagrada e não podia ser tratada com desrespeito. Instantaneamente um raio atingiu o jovem fulminando-o no lugar, sobrando somente um montinho de ossos queimados. Em uma outra versão dizem que a mulher pediu ao guerreiro que estava com pensamentos ruins para dar um passo a frente, e instantaneamente uma nuvem negra envolveu o seu corpo e quando ela se dissipou, não havia restado nada dele. O outro guerreiro se ajoelhou e começou a rezar.
Ao outro jovem que havia se comportado corretamente, a Mulher Búfalo Branco falou: "Trago boas coisas, algo sagrado para sua nação. Um mensagem eu carrego para o seu povo, do povo da nação do Búfalo. 

Volte à sua tribo e diga a seu povo para se preparar para minha chegada. Diga a seu Chefe para erigir uma tenda medicinal com vinte e quatro postes. Que ela seja santificada para minha chegada."
O jovem caçador voltou à sua tribo e contou ao Chefe e ao povo o que a mulher sagrada havia ordenado. 

E assim, o povo erigiu uma grande tenda medicinal e esperou. Depois de quatro dias eles viram a Mulher Novilho Búfalo Branco se aproximar, levando o fardo diante dela. Com seu lindo vestido de couro branco brilhava de longe, ela chegou entoando uma canção sagrada; "Com um sopro visível, eu caminho. Um voz eu envio enquanto caminho. De maneira sagrada, eu caminho. Com pegadas visíveis, eu caminho. De um jeito sagrado, eu caminho." O Chefe Chifre Ôco de Pé convidou-a para entrar na tenda medicinal.
Ela entrou e circulou o interior no sentido do sol. O Chefe se dirigiu a ela com respeito dizendo:" Irmã, nós estamos felizes que você tenha vindo nos instruir." Ela disse a ele o que ela queria que fosse feito. No centro da tenda era para eles fazerem um owanka wakan, um altar sagrado, feito de terra vermelha com um cranio de búfalo e um suporte de três paus para uma coisa sagrada que ela estava trazendo.
Eles fizeram o que ela havia orientado e ela fez um desenho na terra vermelha macia do altar. Ela mostrou a eles como fazer tudo, e depois ela circulou a tenda de novo no sentido do sol. Parando diante do Chefe, ela abriu o fardo. A coisa sagrada que ele continha era a "Chanupa", o cachimbo sagrado. Ela o levantou para que todos pudessem vê-lo. Ela estava segurando a haste com a mão direita e o bojo (pedra) com a esquerda, e é assim que o cachimbo é segurado desde então.
Novamente o Chefe falou: Irmã, nós estamos felizes. Não temos tido carne já a algum tempo. Tudo que temos a oferecer é água." Eles derramaram alguma wacanga, erva doce, na bolsa de couro com água e ofereceram a ela, e até hoje o povo coloca erva doce ou uma asa de águia na água e a borrifa na pessoa a ser purificada.
A Mulher Novilho Búfalo Branco mostrou ao povo como usar o cachimbo. Ela o encheu com "chan-shasha", tabaco cerimonial. Ela caminhou ao redor da tenda do mesmo jeito do Anpetu-Wi, o grande sol. Isto representava o círculo sem fim, a volta sagrada, a estrada da vida.
A mulher colocou uma lasca de búfalo seco no fogo e acendeu a Chanupa com ela. Este era "peta-owihankeshni", o fogo sem fim, a chama a ser passada de geração a geração. Ela contou a eles que a fumaça que se elevava do cachimbo era o sopro de "Tunkáshila", o sopro de vida da grande Avó Mistério.
Depois a Mulher Novilho Búfalo Branco mostrou ao povo o mofo certo de orar usando as palavras e o gestos corretos. Ela os ensinou a cantar a canção de enchimento do cachimbo e como elevar o cachimbo ao céu, em direção ao Avô-Sol, e para baixo em direção à Avó Terra, para Unci-coração, e depois para as quatro direções do universo.
"Com este cachimbo sagrado," ela disse, "vocês caminharão como uma prece viva. Com seus pés descansando sobre a terra e a haste do cachimbo alcançando os céus, os seus corpos formam uma ponte viva entre o Sagrado Abaixo e o Sagrado Acima. Wakan Tanka sorri para vocês, porque agora nós somos um: terra, céu, todas as coisas vivas, os sêres de duas pernas, os de quatro pernas e os de asas, as árvores, as ervas. Juntos com o povo, estãos todos relacionados, uma família. O cachimbo os mantém todos juntos.
"Olhem para este bojo,"disse a Mulher Novilho Búfalo Branco."Sua pedra representa o búfalo, mas também a carne e o sangue do homem pele vermelha. O búfalo representa o universo e as quatro direções, porque ele se apoia em quatro pernas, para as quatro eras da criação. O búfalo foi colocado no Oeste por Wakan Tanka na criação do mundo, para reter as águas. Todo ano ele perde um fio de pelo, e em cada uma das quatro eras ele perde uma perna. O ciclo sagrado chegará ao fim quando todo o pelo e as pernas do grande búfalo estiverem ido, e a água voltará para cobrir a Mãe Terra. A haste de madeira desta Chanupa representa tudo que cresce na terra. As doze penas penduradas onde a haste - a espinha dorsal - se junta com o bojo - o crânio - são da Wanblee Galeshka, a águia manchada, o mesmo pássaro sagrado que é o mensageiro do Grande Espírito e o mais sábio de todos que voam. Vocês estão se unindo a todas as coisas do universo, pois todos clamam por Tunkáshila. Olhem para o bojo: gravado nele estão sete círculos de vários tamanhos. Eles representam as sete cerimônias sagradas que vocês praticarão com este cachimbo, e também, os Oceti Shakowin, os sete acampamentos sagrados de nossa nação Lakota."
Então a Mulher Novilho Búfalo Branco falou às mulheres, contando-lhes que foi o trabalho de suas mãos e o fruto de seus corpos que mantiveram a nação viva. "Vocês são da Mãe Terra," ela lhes disse, "o que vocês fazem é tão grande quanto o que os guerreiros fazem." Portanto o cachimbo sagrado é também algo que liga homens e mulheres em um círculo de amor. Este é o objeto sagrado que, tanto os homens quanto as mulheres possuem com aliado.
Os homens entalham o bojo e fazem a haste; as mulheres o decoram com faixas de cerdas coloridas. 

Quando um homem toma uma mulher como esposa, ambos seguram a Chanupa ao mesmo tempo, e uma tira de pano vermelha é amarrada em torno de suas mãos, os atando junto por toda a vida.
A Mulher Novilho Búfalo Branco tinha muitas coisas em sua algibeira sagrada para elas, suas irmãs Lakota; milho, wasna, nabo do mato. Ela ensinou como fazer uma lareira. Ela encheu a bolsa de búfalo com água e colocou uma pedra incandescente dentro dela. "Deste jeito vocês cozinham o milho e a carne."
A Mulher Novilho Búfalo Branco também falou com as crianças, porque elas possuem uma compreensão além dos anos que possuem. Ela conta a elas que o que seus pais e mães fizeram foi para elas, ques seus pais podiam se lembrar que já foram crianças um dia, e que elas, as crianças, cresceriam e teriam seus próprios filhos. Continuou ainda dizendo: "Vocês são a geração vindoura, e é por isso que vocês são os mais importantes e preciosos. Algum dia você segurarão este cachimbo e o fumarão. Algum dia vocês rezarão com ele."
E mais uma vez ela falou a todo o povo: "O cachimbo está vivo; ele é um ser vermelho
mostrando-lhes uma vida vermelha em uma estrada vermelha. E esta é a primeira cerimonia em que vocês usarão a chanupa. Vocês o usarão para guardar a alma de uma pessoa morta, porque por meio dele você podem falar com Wakan Tanka, o Grande Mistério. O dia em que um ser humano morre é sempre um dia sagrado. O dia em que a alma é libertada para o Grande Espírito é outro."
Ela falou uma última vez para o Chefe Chifre Ôco de Pé:"Lembre-se:este cachimbo é muito sagrado. Respeite-o que ele o levará até o fim da jornada. As quatro eras da criação estão em mim. Eu voltarei para vê-lo em cada ciclo da geração. Eu voltarei até você."
Ela ensinou a eles sete cerimonias sagradas. Uma delas foi a Tenda do Suor, ou Cerimonia da Purificação. A outra foi a Cerimonia de Nomeação, dar nomes às crianças. A terceira foi a cerimonia de medicina ou de cura. A quarta foi a feitura de parentes ou cerimônia de adoção. A quinta foi a cerimonia de casamento. A sexta foi a Busca de Visão e a sétima foi a cerimonia da Dança do Sol, a cerimônia do povo de todas as nações.
Ela ensinou canções e ritos tradicionais e instruiu o povo que se eles fizessem estas cerimonias eles seriam sempre os cuidadores e guardiães da terra sagrada. E que, se tomassem conta desta terra eles jamais morreriam e viveriam para sempre.
A Mulher Novilho Búfalo Branco então deixou o povo, dizendo: "Toksha ake wacinyanktin ktelo - Eu os verei de novo." E ainda: "...lembrem-se que os de duas pernas e todos os outros povos que habitam a terra são sagrados e devem ser tratados como tal..."O povo ficou olhando para ela caminhando na mesma direção em que havia chegado, delineada por uma grande bola vermelha do sol poente. A medida em que afastava, ela girou quatro vezes. Na primeira vez, ela se transformou em um búfalo preto; na segunda em um amarelo; na terceira em um vermelho; e finalmente, na quarta vez em que ela girou, ela se transformou em um novilho búfalo branco.
Um búfalo branco é a coisa viva mais sagrada que se pode encontrar. A Mulher Novilho Búfalo Branco desapareceu no horizonte. Tão logo ela desapareceu, uma grande manada de búfalos apareceu, se deixando abater para que o povo pudesse sobreviver. E a partir daquele dia, nossas relações, o búfalo, supriu o povo com tudo que precisavam - carne com alimento, peles para suas roupas e tendas, e ossos para suas ferramentas.

"Toksha ake wacinyanktin ktelo - Eu os verei de novo."(A Mulher Novilho Búfalo Branco profetizou que um dia ela voltaria para purificar o mundo e que o nascimento de um novilho de búfalo branco seria um sinal de que o retorno estaria próximo).
(Recontado por Sérgio Pereira Alves, baseado no livro American Indian Myths and Legends, 1980, por Erdoes and Alfonso Ortiz).

Religião e Fé


Muitas pessoas  perguntam para mim de qual religião faço parte, muitas vezes para não encompridar o assunto falo que sou espirita, ai geralmente as pessoas fazem aquela cara de  tipo coitado esta perdido(risos).

As vezes vem a intuição e ai eu respondo sou universalista, e já me preparo para responder a varias perguntas do tipo:


Mas então você não acredita nem em Deus e Jesus?


Você é uma espécie de pagão então ?

Você é  tipo que ateu ?

Mas como você pode viver sem Fé ?

Então você não acredita na bíblia ?

Oque é universalista é uma crença ?

E por ai vai nas perguntas ...

Universalista é só mais um rotulo que usamos, porque eu sou apenas mais um buscador. Não me prendo em nenhum tipo de dogma ou a  nenhum sistema castrador que possa vir a me atrapalhar na  minha jornada pessoal.

Meu templo de oração está dentro do meu coração e levo comigo a minha Fé aonde eu vou, e vejo meu Pai Celestial em tudo, porque tudo oque existe é criação e manifestação do Grande Arquiteto Celestial, Deus, Pai Celestial, Brâman, Olorun, Zambi ,Grande Mistério, Wakan Tanka e assim vai, com vários outros nomes mas Todos são a mesmo Energia Criadora.

Aprendo com tudo que me relaciono,  porque  toda criação assim como o Pai é perfeita.

Mas tudo esta como deveria estar, porque nem uma folha cai se o Pai não permitir. Então viva sua crença, mas sempre com muito amor e luz e respeite a opinião dos outros.

 O certo e o errado não existe , é apenas mais uma ilusão de Maya, porque tudo de pende  de quem vê e como é interpretado.

Desejo muita paz e amor a todos, sejam firmes como Guerreiros da Luz, ninguém pode fazer o seu caminho por você, então procure se fortalecer sempre, para que possa passar por todos obstáculos e se tornar um Ser de Luz e iluminar o caminho de vários outros  irmãos. 

Nossa caminhada nunca acaba enquanto existir um irmão em sofrimento.

Paz e Luz...

Mitakuye Oyasin....

Marcelo Scofoni-Equipe Terra Sagrada 18/02/2012

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Guerreiros da Luz


Nós todos somos seres de Luz, mas que muitas vezes nos deixamos abater por vários acontecimentos no nosso dia a dia, mas que devemos manter um nível energético equilibrado para que possamos estar bem com nós mesmo.

Mas o que é esse estar bem com nós mesmo; É estar em paz com a nossa consciência com nosso eu superior.

Por isso que devemos estar sempre conscientes do que fazemos e também pensamos, por que todas as nossas atitudes, seja fisicamente ou formas pensamentos (nossos pensamentos),reflete em nós e em tudo em nossa volta.

Tudo que existe e até nós mesmos somos formados por energia, que se junta(expressões da matéria) para se formar um corpo energético,que varia por seu grau de densidade e vibração.Por isso tudo que existe esta vivo e vibra em um certo grau energético especifico,sofrendo influencias de outros corpos ou influenciando.Mas o ponto que eu quero chegar é que tudo no planeta e até mesmo no cosmo, tudo se interage, havendo sempre uma troca constante de energia ,direta ou indiretamente.

E somos nós que decidimos se queremos interagir com energias ´´ boas ou mas ´´,isso depende só de uma coisa afinidade energética.Mas o que é essa afinidade energética.

Essa afinidade energética é o modo que agimos, reagimos e pensamos diante dos acontecimentos que ocorrem no nosso dia a dia. De um modo simplificado, se uma pessoa vive sempre com raiva,agindo sempre com desrespeito a vida,pensando só nela e age só para os seus propósitos sem se importar com as consequências que os seus atos podem trazer, para ela e para o resto do mundo, essa pessoa vai abrir seu campo por afinidade energética para se relacionar com energias iguais ou piores que as delas .

E assim também acontece com aquelas pessoas que procuram viver bem, estar bem com ela e com o resto do planeta, vivendo de um modo que não agrida ninguém, essas pessoas vão se relacionar também energeticamente com outros seres ,mas sempre com energias mais sutis mais leves,energias do `` bem ´,´e quando essa pessoa se envolver com energias mais densas (Negativas) ,vai ser sempre para ajudar doando um pouco de  `` luz para as trevas ´´.

Por isso nós é que somos responsáveis pelos acontecimentos do nosso dia a dia, e também os acontecimentos em nós mesmo, como um corpo saudável, ou todo o tipo de doenças até mesmo aquelas que não são explicadas pela ciência.

Todos os acontecimentos em nossa vida são criados por nós mesmo, nessa ou em outras existências. E isso tudo que eu falei aqui nesse pequeno e humilde texto, O grande Mestre Jesus Cristo nos falou em poucas palavras ``A semeadura é livre mas a colheita é obrigatória ´´.

E isso é umas das grandes chaves para se viver bem aqui no planeta terra, em Paz com nós e com tudo que existe.

Paz e Luz - Mitakuye Oyasin

Marcelo Scofoni-04/12/08 - Equipe Terra Sagrada

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A carta do chefe indigena para o presidente em 1854

A carta do chefe indigena para o presidente em 1854, o Governo dos Estados Unidos tentava convencer o chefe indígena Seatle a vender suas terras. Como resposta, o chefe enviou uma carta ao Presidente Franklin Pierce, que se tornou um documento institucional importante e que merece uma reflexão atenta pois é uma lição que deve ser cultivada por esta e pelas futuras gerações.

Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?

Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.

Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem -todos pertencem à mesma família.

Por isso, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.

Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas, que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.

Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.

Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos.

E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.

O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro -o animal, a árvore, o homem compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.

Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.

Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.

O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.

Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.

Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.

O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.

Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos – e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la, é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.

Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa, impregnados pelo cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruída por fios que falam.

Onde está o arvoredo? Desapareceu.

Onde está a águia? Desapareceu

É o final da vida e o início da sobrevivência.


                                                              Equipe Terra Sagrada- Mitakuye Oyasin -Paz e Luz